quarta-feira, 19 de outubro de 2011

ALUNOS EJA 2011 -

Tolerância- Em torno de um conceito

(em construção !)

Conceito de Tolerância

A palavra tolerância, provém da palavra
Tolerare que significa

etimologicamente sofrer ou suportar pacientemente. O conceito

tolerância radica numa aceitação assimétrica de poder: a) Tolera-se

aquilo que se apresenta como distinto da maneira de agir, pensar e

sentir de quem tolera; b) Quem tolera está, em princípio numa

posição de superioridade em relação aquele que é tolerado. Neste

sentido pode ou não tolerar.

A tolerância pressupõe sempre um padrão de referência, as

margens de tolerância e aquilo que se assume como intolerável.

A tolerância pode surgir como a simples aceitação das diferenças

entre aquele que tolera e o tolerado, ou como a disponibilidade do

primeiro para integrar ou assimilar o segundo.

Fundamentação

A fundamentação da tolerância tem variado bastante ao longo dos

séculos. Mas em que sentido podemos falar de tolerância? Será a

tolerância uma exigência moral? Teológica?

Quatro perspectivas essenciais sobre a fundamentação da

tolerância.

1. A Tolerância como Prudência.
Pode tolerar-se por mero calculo,

tendo em vista, por exemplo, evitar conflitos quando não se têm a

certeza quanto ao desfecho final dos mesmos. Pode também

tolerar-se posições contrárias quando não se tem a certeza sobre

algo.

2

.A Tolerância como Indiferentismo.
Pode tolerar-se por uma

questão de princípio relativista. Se aceitarmos que não existem

verdades absolutas, então todas as posições se tornam legítimas e

aceitáveis. Pode tolerar-se também devido há ausência de

convicções e valores próprios. Neste caso aceita-se as ideias do

Outro não por respeito, mas porque não se possui nada para opor

ou defender. Nesta perspectiva, a tolerância terminar quase

sempre no indiferentismo, onde a verdade e a mentira se

equivalem.

3

. A Tolerância como Culto das Diferenças.
Podemos ser tolerantes

por respeito pelas diferenças do Outro. Nas nossas sociedades,

este tipo de tolerância manifesta-se frequentemente em relação a

duas situações muito distintas: a) Aceitam-se e respeitam-se as

diferenças daqueles que outraora foram discriminados, como os

homossexuais; b) Aceitam-se e respeitam-se todas as culturas que

antes foram discriminadas ou combatidas. Neste último caso, a sua

negação é assumida como um empobrecimento da diversidade

cultural da humanidade. Este princípio tem servido tanto para

fundamentar o multiculticulturalismo como o racismo e a xenofobia.

Na verdade a aceitação da identidade cultural do Outro não

significa que o aceitamos como igual, nem sequer que aceitemos

conviver no mesmo espaço."Iguais, mas separados" é, não nos

podemos esquecer, um dos novos lemas do racismo.

4

. A Tolerância como uma exigência dos Direitos Humanos.
Desde

a antiguidade clássica que a especulação sobre a natureza

humana se traduziu na afirmação de que todo o ser humano possui

um conjunto de direitos fundamentais ou naturais imutáveis:

liberdade, dignidade, etc. Baseado neste pressuposto, John Locke,

por exemplo, irá fundamentar a tolerância. Em rigor, todavia não

faz sentido falarmos de tolerância entre seres iguais por

natureza.Todas as convicções e ideias são legítimas porque

produto de homens livres e com os mesmos direitos. Esta posição

conduzida ao limite, termina no indiferentismo ou seja na negação

de todo e qualquer valor.

Limites da Tolerância

Até onde devemos aceitar o Outro nas suas diferenças? Pode uma

cultura sobreviver quando no seu próprio seio tolera aquelas que

defendem o seu oposto?

Razão Intolerante

Em nome da tolerância, isto é, de uma razão que combate de todos

os constrangimentos, desde o século XVIII que se cometeram

inúmeros crimes contra a própria humanidade.

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