Tolerância- Em torno de um conceito
(em construção !)
Conceito de Tolerância
A palavra tolerância, provém da palavra
Tolerare que significa
etimologicamente sofrer ou suportar pacientemente. O conceito
tolerância radica numa aceitação assimétrica de poder: a) Tolera-se
aquilo que se apresenta como distinto da maneira de agir, pensar e
sentir de quem tolera; b) Quem tolera está, em princípio numa
posição de superioridade em relação aquele que é tolerado. Neste
sentido pode ou não tolerar.
A tolerância pressupõe sempre um padrão de referência, as
margens de tolerância e aquilo que se assume como intolerável.
A tolerância pode surgir como a simples aceitação das diferenças
entre aquele que tolera e o tolerado, ou como a disponibilidade do
primeiro para integrar ou assimilar o segundo.
Fundamentação
A fundamentação da tolerância tem variado bastante ao longo dos
séculos. Mas em que sentido podemos falar de tolerância? Será a
tolerância uma exigência moral? Teológica?
Quatro perspectivas essenciais sobre a fundamentação da
tolerância.
1. A Tolerância como Prudência.
Pode tolerar-se por mero calculo,
tendo em vista, por exemplo, evitar conflitos quando não se têm a
certeza quanto ao desfecho final dos mesmos. Pode também
tolerar-se posições contrárias quando não se tem a certeza sobre
algo.
2
.A Tolerância como Indiferentismo.
Pode tolerar-se por uma
questão de princípio relativista. Se aceitarmos que não existem
verdades absolutas, então todas as posições se tornam legítimas e
aceitáveis. Pode tolerar-se também devido há ausência de
convicções e valores próprios. Neste caso aceita-se as ideias do
Outro não por respeito, mas porque não se possui nada para opor
ou defender. Nesta perspectiva, a tolerância terminar quase
sempre no indiferentismo, onde a verdade e a mentira se
equivalem.
3
. A Tolerância como Culto das Diferenças.
Podemos ser tolerantes
por respeito pelas diferenças do Outro. Nas nossas sociedades,
este tipo de tolerância manifesta-se frequentemente em relação a
duas situações muito distintas: a) Aceitam-se e respeitam-se as
diferenças daqueles que outraora foram discriminados, como os
homossexuais; b) Aceitam-se e respeitam-se todas as culturas que
antes foram discriminadas ou combatidas. Neste último caso, a sua
negação é assumida como um empobrecimento da diversidade
cultural da humanidade. Este princípio tem servido tanto para
fundamentar o multiculticulturalismo como o racismo e a xenofobia.
Na verdade a aceitação da identidade cultural do Outro não
significa que o aceitamos como igual, nem sequer que aceitemos
conviver no mesmo espaço."Iguais, mas separados" é, não nos
podemos esquecer, um dos novos lemas do racismo.
4
. A Tolerância como uma exigência dos Direitos Humanos.
Desde
a antiguidade clássica que a especulação sobre a natureza
humana se traduziu na afirmação de que todo o ser humano possui
um conjunto de direitos fundamentais ou naturais imutáveis:
liberdade, dignidade, etc. Baseado neste pressuposto, John Locke,
por exemplo, irá fundamentar a tolerância. Em rigor, todavia não
faz sentido falarmos de tolerância entre seres iguais por
natureza.Todas as convicções e ideias são legítimas porque
produto de homens livres e com os mesmos direitos. Esta posição
conduzida ao limite, termina no indiferentismo ou seja na negação
de todo e qualquer valor.
Limites da Tolerância
Até onde devemos aceitar o Outro nas suas diferenças? Pode uma
cultura sobreviver quando no seu próprio seio tolera aquelas que
defendem o seu oposto?
Razão Intolerante
Em nome da tolerância, isto é, de uma razão que combate de todos
os constrangimentos, desde o século XVIII que se cometeram
inúmeros crimes contra a própria humanidade.
Nenhum comentário:
Postar um comentário